Dentição dos gatos


 
Que gatos têm sete vidas, muita gente já sabe. Agora, que eles têm duas dentições, isto é de conhecimento de poucos. Mas é verdade, os gatos também trocam de dentes.
Por volta do quarto ao sexto mês, os 26 dentes de leite são substituídos por 30 dentes ligeiramente maiores, que deverão ficar na boca por toda a vida, ou melhor, por todas as suas "sete vidas".

Quem já teve dor de dente pelo menos uma vez na vida, sabe o que é sofrer. Imagine, passar "sete vidas" tendo dor de dente! Então, todo cuidado é pouco para manter uma boca saudável


Esquema representativo das duas dentições dos felinos domésticos. Os números 1, 2, 3 e 4 (setas azuis) indicam o conjunto de dentes permanentes. Os números 5, 6, 7 e 8 (setas vermelhas) indicam o conjunto de dentes decíduos (dentes de leite).


Hoje, sabe-se que cerca de 80% dos gatos sofrem de "dor de dente" causada por pelo menos uma destas três doenças: a doença periodontal, a lesão reabsortiva e o complexo gengivo-estomatite dos felinos.



Gatos com doença periodontal grave.


A doença periodontal é causada pelo acúmulo da placa bacteriana que é composta por bactérias que causam inflamação e destruição da gengiva, podendo levar à perda dos dentes. Além disso, as bactérias são responsáveis por mau cheiro na boca, formação de tártaro, dor, perda do apetite e o pior de tudo, infecção no coração, pulmão, fígado e rins. A maneira mais simples de controlar e evitar este problema é fazer uma visita regular ao médico veterinário odontólogo, que avaliará a necessidade de um tratamento profissional e o ajudará a começar um programa de prevenção, fundamental para manter a saúde do animal.

Outro problema bastante freqüente nos dentes dos gatos é a chamada lesão reabsortiva, doença que provoca destruição gradativa de um ou mais dentes. Esta destruição é causada pelo próprio organismo, mas infelizmente ainda não se sabe o que leva o organismo a começar a destruir os próprios dentes. Uma das suspeitas é de que o alto teor de vitamina D na ração dos gatos possa ser a causa e quanto maior for a idade, maiores são as chances do animal ser acometido. A reabsorção geralmente tem início próximo a linha da gengiva, sendo de difícil identificação. Com o passar do tempo ela vai aumentando em direção à raiz ou da coroa, deixando uma cavidade ou "buraco" no dente, que muitas vezes é erroneamente confundido com uma cárie.



Gatos com lesão reabsortiva. Notar destruição da coroa dental e crescimento exagerado da gengiva.


A lesão causa muita dor e os gatos passam a ter dificuldade para comer, perda do apetite, podem perder peso e até parar de comer. Nada melhor que visitas regulares ao dentista veterinário e um programa de higiene bucal para que o problema possa ser rapidamente detectado evitando sofrimento desnecessário.

E para finalizar, alguns gatos têm desenvolvido um quadro crônico de inflamação na gengiva e na mucosa da bochecha.


Processo inflamatório grave e generalizado em boca de felino com complexo gengivo-estomatite.


É como se fossem aftas por toda a boca que recebem o nome genérico de estomatite crônica ou complexo gengivo-estomatite dos felinos. Os gatos têm muita dor e deixam de comer e tomar água, perdendo peso e desidratando-se, o que pode levar a problemas renais e até à morte. Algumas doenças, como a AIDS felina, Leucemia felina e calicivirose podem estar relacionadas, mas ainda não existem provas concretas sobre esta relação. O importante é que, tão logo o gato comece a apresentar dificuldade para comer, salivação, mau hálito, tártaro, vermelhidão na boca, sangramento bucal, ele seja avaliado pelo veterinário dentista para que um exame detalhado da cavidade oral possa ser feito e um tratamento especializado seja indicado evitando que ele sofra com a dor.

Não deixe que as doenças da boca acabem com as setes vidas de seu gato!

 

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