Paraíso dos gatos



Muitas vezes dá-se do Japão uma imagem de grande glamour em relação aos animais de companhia e, globalmente, é de facto um dos países onde estes são mais bem tratados, ainda mais se tivermos em conta as condições que vão sendo criadas, a cada dia que passa.

É também no Japão, menos tecnológico e mais rural, que fica um verdadeiro paraíso para os gatos. Trata-se de uma pequena ilha cujo nome é Tashirojima, mas também conhecida como a Ilha dos Gatos, onde durante anos a população foi desaparecendo e os pequenos felinos foram tomando o seu lugar.

Esta ilha foi, em tempos, um local onde se dava emprego a quase mil pessoas, distribuídas por duas atividades: a pesca e a criação de bichos-da-seda. Porém, a determinada altura, uma praga de ratos começou a devastar a ilha e, numa tentativa de solucionar o problema, os proprietários da empresa que explorava os teares de seda, bem como os habitantes, começaram a levar gatos para a ilha. Estes começaram a reproduzir-se e, em determinado momento, o número de gatos excede largamente o número de habitantes, que não ultrapassarão os 100, ao passo que haverá seguramente centenas de gatos e o seu número cresce a cada ano. A fábrica entretanto fechou e grande parte dos habitantes partiram, em busca de novas oportunidades de emprego nas ilhas maiores em redor, deixando para trás os habitantes mais velhos e os irredutíveis que não quiseram partir.

Este elevado número de gatos também se explica pelo facto de os habitantes locais acharem que os pequenos felinos lhes trazem sorte, e talvez assim seja, já que por várias vezes desastres naturais têm atingido a região em redor e a pequena ilha tem sofrido menos danos que as ilhas vizinhas. Assim sendo, cada gato é tratado e alimentado pelos moradores como um convidado, pelo que nesta ilha não há gatos mal alimentados. Também não há cães, para não os perseguirem, nem ninguém que não goste deles, e também não se fala de desastres ambientais provocados pelos felinos.

A ilha vive neste momento dos muitos turistas que ali se deslocam para observar os gatos, que são donos de quase tudo, do espaço, das casas, das máquinas velhas que o tempo inutilizou, das praias, e até dos barcos pesqueiros que ainda por ali se encontram. No local, foi criado um santuário para os gatos, casas com forma de cabeça de gato e monumentos dedicados aos gatos. Estes recentes projetos turísticos servem também para fixar jovens, já que cerca de 83% dos habitantes já estão em idade de reforma e não poderão manter os animais por muito mais tempo. Contudo, com o incremento do turismo e de jovens a querer fixar-se na ilha, esta poderá continuar a ser, por mais algumas décadas, a verdadeira «Cat Heaven Island» como já é há muito conhecida internacionalmente.

Recentemente, o fotógrafo japonês Fubirai passou uma temporada na ilha para captar os melhores momentos da vida destes gatos e não teve «mãos a medir». Captou gatos de todas as cores e tamanhos, a dormir e a brincar por cada canto da ilha, e uma população que se levanta e deita cada dia a pensar na sua comunidade de pequenos felinos, neste distante e pequeno paraíso dos gatos que vive ao ritmo de um ronronar, lá bem longe no Oriente, no «País do Sol Nascente».

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