Como tratar de um recém-nascido

Resgatou um gatinho! Parabéns, e muito obrigada por esse gesto de piedade e amor!
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O propósito deste texto é ajudar todos aqueles que se venham a encontrar numa situação destas. Preparem-se para dormir muito pouco durante umas semaninhas, mas passando por uma experiência inesquecível e totalmente gratificante.
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Antes de mais gostaria que tivessem a noção de que a taxa de sobrevivência de gatinhos recém nascidos sem gata-mãe é MUITO reduzida, e quero que todos saibam disso e pensem bem antes de abandonar à sua sorte bebés totalmente indefesos. Se não querem crias, esterilizem os vossos animais!
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Bom, antes de tudo, quando encontrar um gatinho recém-nascido (ou um gato bebé) convém levá-lo a um veterinário com máximo de urgência para que um profissional possa examiná-lo, estimar a sua idade e orienta-lo quanto aos cuidados com ele.
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Os gatinhos recém-nascidos têm os olhinhos fechados, só abrindo por volta de 8/10 dias de vida. Os dentes de leite começam a romper por volta das 2 semanas, mas só iniciam o desmame a partir da quarta semana, e até que possam comer por si só, são seres extremamente frágeis que requerem muitos cuidados e atenção.
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Na falta de uma gata-mãe podemos tomar algumas providências para que o bebé possa sobreviver sem os cuidados da mesma. Vamos tentar expor algumas aqui de uma forma resumida, no entanto nenhum dos conselhos que podemos dar poderá substituir a opinião de um profissional veterinário.

1) Mantê-lo aquecido.
Os gatinhos com apenas alguns dias de vida não conseguem regular a sua temperatura e não mamarão se não estiverem quentinhos. Para os aquecer, aconchegue-os bem numa manta, dentro de uma caixa ou bacia, e aproxime-os de uma botija de água quente.
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ATENÇÃO: Não os coloque diretamente em cima da botija de água quente e tenha cuidado com a temperatura da botija, pois podem morrer de calor! Verifique constantemente a temperatura do ninho.

Normalmente quando se encontram gatinhos recém nascidos eles estão com frio (corpo frio ao toque, choro constante) e/ou desidratados (boca e língua secas, membranas mucosas pálidas, a pele da nuca não volta rápido à posição normal quando beliscada). Deve-se aquecer o gatinho conforme se indica acima, muito lentamente. Em falta de uma botija de água quente use o calor corporal.

2) Boneco de pelúcia.

Os gatinhos recém nascidos costumam ficar o tempo todo na companhia dos seus irmãos mesmo quando a mãe se ausenta. Essa companhia é muito importante tanto para se aquecerem entre si como para não se sentirem abandonados e inseguros. Um boneco de pelúcia pode substituir a presença dos irmãos.

3) Cama macia.
Providencie uma caixa de papelão (dependendo da idade do gatinho, pode ser uma caixa de sapatos - não lhe dê uma caixa muito grande, só o suficiente para acomodar o gatinho, a bolsa de água quente e bichinho de pelúcia), forre o fundo com bastante jornal velho e cubra com uma manta, toalha felpuda ou blusa de lã velha. Troque com alguma frequência pois ele pode sujar e a gata-mãe não vai estar lá para limpar.

4) Alimentação.
Normalmente os gatinhos recém-nascidos encontrados na rua estão com o nível de açúcar muito em baixo pois já não mamam há algum tempo.

Dê ao gatinho cerca de 5 a 10% de glucose em água (glucose é uma forma simples de açúcar disponível em drogarias, exemplo: Pedialyte.) Administrar cerca de ½ cc por cada 28 gramas de peso por hora. Não se deve alimentar um gatinho com frio! Os seus intestinos não estão a trabalhar, e com a ingestão de alimentos podem inchar, provocando a morte ao animal.

Num veterinário, compre leite próprio para gatinhos recém-nascidos (Royal Canin, Mixol, por exemplo) e siga cuidadosamente as instruções de preparação e os horários da amamentação.
De preferência, utilize água engarrafada, pois a água da torneira pode causar prisão de ventre.
ATENÇÃO: Se o leite estiver pouco quente os gatinhos não vão querê-lo, mas se estiver muito quente pode queimá-los. Teste a temperatura do leite na parte interior do seu antebraço.

Tenha muito cuidado com a posição de mamar. Os gatinhos devem estar ligeiramente levantados, com o biberão num ângulo de 45º, de forma a encorajar a amamentação e NUNCA deitados (ver foto).

Após dar de mamar NÃO SEGURAR o gatinho de costas para dar mimos, deve-se mantê-lo direito sobre o seu estômago.

ATENÇÃO: Não force a toma do leite, nem aperte a tetina para que os gatinhos comam, pois poderão aspirar leite para os pulmões, acabando por morrer.

O leite de vaca não é igual ao leite da gata; os gatinhos podem ter diarreia se der leite de vaca puro, pois digerem mal a lactose. Nunca dê leite de vaca, cabra, ovelha, etc. a um gato, seja qual for a sua idade, nem leite para gatos comprado em supermercados a gatinhos recém nascidos!

Por volta das 4 semanas de idade pode começar o processo de desmame do gatinho, mas tenha em atenção que ele ainda irá precisar de leite durante mais algumas semanas!

Compre uma ração BOA para gatos bebés (as melhores marcas são da Royal Canin – Babycat, Hills e Purina) evitando as vendidas muito baratas no supermercado que poderão causar-lhes diarreias. Experimente colocar-lhe um grão na boca e observe a sua reação. Se ele se manifestar interessado coloque mais alguns grãos na mão e deixe-o “comer”.

Também pode humedecer a ração de forma a criar uma papa, no entanto nunca a utilize após uma hora de a colocar em água pois começa a fermentar e pode provocar diarreia.

Depois de começarem a comer a pasta sozinhos, ponha-lhes à disposição biscoitos próprios para gatinhos e água. Quando começarem a comer os biscoitos tire-lhes a pasta. Depois de comerem a pasta, dê-lhes sempre leite para que não desidratem, visto ser esse o único líquido que ingerem. (Pode tentar dar-lhes água, mas não deve conseguir…)


ATENÇÃO: Nunca dê leite de vaca, cabra, ovelha, etc. a um gato, seja qual for a sua idade!
NOTA: Ponha-lhes água à disposição num recipiente de vidro ou de inox

À medida que os gatinhos vão crescendo deve precisar de alargar o orifício da tetina do biberão para que consigam comer melhor. No entanto, tenha o cuidado de não a abrir muito pois pode sair leite a mais e engasgá-los.

Se depois de mamarem, os gatinhos não adormecerem, leve-os para um sítio escuro ou tape-os com algo opaco. Não se esqueça de os manter quentinhos

5) Evacuação. Item muito importante!
Os gatinhos bebés nascem sem saber defecar por sua conta, a gata-mãe tem que estimular lambendo os filhotes após cada mamada para lhes estimular a bexiga e os intestinos.

A “mãe adotiva” terá que imitar esse procedimento: Massajando suavemente a barriga do bebé, do tórax para baixo-ventre e genitais com algodão, ou gaze ou toalha humedecida em água morna durante algum tempo.

É claro que com esta idade os gatinhos ainda não saberão utilizar o caixote, pelo que irão fazer xixi e cocó no ninho. É uma grande ajuda a parte de baixo do ninho ter uma toalha-fralda, que se pode comprar em qualquer hipermercado.)

ATENÇÃO: Não exagere na massagem do ânus e genitais, pois podem “assar.” Se um gatinho ficar 48h sem defecar leve-o IMEDIATAMENTE ao veterinário!

Para limpar os gatinhos, utilize toalhitas húmidas para bebés (Dodot, etc.), de preferência não perfumadas para que não haja o risco de alergias. Seque-os cuidadosamente com um pano macio.

Depois de cerca de 3 semanas de vida, quando o bebé já começa a explorar o ambiente, pode-se providenciar uma bandeja rasa de plástico com areia (compra-se nos supermercados) para ensaiar-lhe o uso da mesma.

Geralmente não há necessidade de os ensinar, porque gatos têm o instinto natural de enterrar as suas fezes, mas se o seu gatinho ficar "na dúvida" coloque um bocadinho das fezes dentro da bandeja; o cheiro será o bastante para ele entender o que fazer.
Coloque a caixinha longe da comida e água e num lugar reservado e calmo pois os gatos são extremamente limpos e detestam misturar caixa de areia com zona de comida.

6) Interação com humanos
No início da terceira semana, os gatinhos tornam-se mais sociáveis. Comece a interagir com eles, mas não exagere… Após a refeição, trate-lhes da higiene e, antes de dormirem, acaricie-os um pouco e deixe-os andar uns minutos à solta, mas sempre supervisionados. Se possível, “apresente-os” a outros gatos para que aprendam a comportar-se como felinos.

 

O convívio com outros felinos é muito importante para o desenvolvimento do bebé e para ele aprender quais são os seus limites. Um dos problemas associados a gatinhos amamentados a biberão é a inibição da mordedura. Controlar a intensidade da pressão das mandíbulas ao morder é algo que o gatinho aprende durante a brincadeira com os seus irmãos de ninhada e com a gata mãe. Este controlo a que se chama “inibição de mordedura” e que é indispensável para poder brincar normalmente com outros gatos, é muitas vezes desaprendido se a “mãe-adotiva” achar graça ele morder “apenas na brincadeira” e assim fomentar este comportamento.

Será então necessário ensinar o gatinho a não morder com intensidade J. Se durante a brincadeira ele começar a morder com demasiada intensidade, retire a mão dizendo “Não!” em tom firme e afaste-se dele. Passando um ou dois minutos volte para junto dele e continue a brincadeira. Se fizer isto sempre que ele morder com demasiada força, ele irá perceber que se o fizer, já não terá ninguém para brincar. Fazendo este exercício com várias pessoas ele aprenderá que não pode morder ninguém.

Também pode imitar a gata-mãe e “bufar-lhe” quando ele exagerar na brincadeira ou (como faço muitas vezes ;) ) dar-lhes umas trincas como fariam os irmãos e a gata mãe.

Os gatinhos bebés órfãos sentem muita falta da mãe e dos irmãos. À medida que eles forem crescendo faça-lhes companhia o mais que puder. O primeiro contacto com humanos é determinante tanto para a formação da sua personalidade. E não se preocupe se ouvir um motorzinho de arranque ;), o ronronar é acionado quando gatos se sentem felizes e confortáveis e não tem nada a ver com asma ou bronquite!

7) Desparasitação.
A desparasitação (interna e externa) dos gatinhos bebés é muito importante. Normalmente não se conhece a história anterior ao seu nascimento e o mais natural é que eles nascido já portadores de parasitas.

Assim, para que possam crescer saudáveis, é muito importante que sejam desparasitados ao longo do seu crescimento. A idade mínima para uma desparasitação interna segura é de 15 dias de vida. De acordo com o peso deles e as indicações do médico veterinário é dada uma pasta desparasitante, que se repete cada 15 dias até eles fazerem 2 meses. Dos 2 aos 6 meses a desparasitação deverá ser realizada todos os meses e a partir dos 6 meses deverá ser realizada com regularidade a cada 4-6 meses.

A desparasitação externa é igualmente importante uma vez que os parasitas exteriores (pulgas, carraças, etc.) são meios de transmissão de doenças graves.

Consulte sempre o seu médico veterinário para estabelecer um programa de desparasitação interna e externa.

8) Vacinação.

Mesmo que não queira ficar com o gatinho que resgatou, é importantíssimo que ele seja vacinado no tempo certo.

A escolha da vacina da aplicar dependerá do tipo de vida que o gato terá ( se será gato de indoor sem contacto com outros gatos ou se terá acesso ao exterior com contacto com outros gatos).

O esquema de vacinação é 1ª dose aos 2 meses e 2ª dose aos 3 meses (ou 30 dias após a 1ª). Algumas requerem uma 3ª dose aos 90 dias. A partir daí, é necessário dose de reforço uma vez ao ano.

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